Nasceu na Romênia, em 1909, mas construiu sua carreira como dramaturgo e romancista na França, onde morreu em 1994. Considerado por Martin Esslin – autor do livro referencial O Teatro do Absurdo (1961) – como o autor da primeira peça do movimento homônimo (A cantora careca de 1950), Ionesco teve uma produção vasta e mundialmente conhecida. Admirador desde a infância do teatro de marionetes, encontrou no palco um lugar privilegiado para discutir as questões metafísicas que sempre o inquietaram. Foi professor de francês, ainda na Romênia e, uma vez estabelecido definitivamente em Paris, travou contato com André Breton e Luís Buñuel e suas ideias surrealistas, o que pode ser detectado em sua obra. Eugène Ionesco foi um dos seguidores da doutrina da patafísica, criada pelo dramaturgo Alfred Jarry em 1907, definida como “a ciência das soluções imaginárias e das leis que regulam as exceções”, e que se expressa através de uma linguagem nonsense, resultando em um modo pessoal e anárquico de explicar o absurdo da existência. Entre as peças mais conhecidas de Ionesco estão O rinoceronte, As cadeiras, Vítimas do dever e Jacques ou a submissão. Ionesco preferia que suas peças fossem chamadas de “insólitas” em vez de absurdas, e resumia assim a visão de mundo que defendia: “para um texto burlesco, uma interpretação dramática; para um texto dramático, uma interpretação burlesca’’.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
A Lição - Texto II
Nossa pesquisa para a construção do espetáculo A LIÇÃO continua em ritmo acelerado. Para esta nossa versão do célebre e seminal texto de Eugène Ionesco, estamos nos munindo de referências tão variadas quanto inesperadas. Fazendo largo uso do conceito de intertextualidade herdado das teorias de Julia Kristeva e Roland Barthes, e a partir do qual Patrice Pavis informa, em seu Dicionário de Teatro, que essa teoria “postula que um texto só é compreensível pelo jogo dos textos que o precedem e que, por transformação, influenciam-no e trabalham-no” (p.213), a Cia. de Teatro ao Quadrado está buscando enriquecer ainda mais o material ionesquiano.
Mary Poppins, A noviça rebelde, Psicose, M- O vampiro de Düsseldorf, Doris Day, Esperando Godot, Dias felizes, Fim de partida...Essas são algumas das referências que estamos prazerosamente inserindo em nossa estrutura espetacular, através do cinema, da literatura, da música, canibalizando e deglutindo Alfred Hitchcock, Fritz Lang, Samuel Beckett e a Disney.
É absolutamente incomparável a oportunidade de construir o espetáculo no próprio local em que ele será apresentado. A riqueza de soluções que isso proporciona; a imersão na atmosfera única do espaço cênico; a possibilidade de trabalhar com as minúcias da elocução, já que podemos experimentar o tom de voz mais adequado para cada fala, dada a acústica privilegiada do Teatro de Arena: tudo isso nos assegura condições especiais para a criação de nosso espetáculo, que viemos desenvolvendo com todo o carinho e empenho. Não temos dúvida de que A LIÇÃO será um marco extremamente positivo na história da Cia. de Teatro ao Quadrado, que há oito anos vem trabalhando pelas artes cênicas gaúchas.
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